O cante é
um género musical tradicional do Alentejo,
Portugal.
O cante nunca
foi a única expressão de música tradicional no Alentejo, sendo aliás mais
próprio do Baixo Alentejo que do Alto. Com o cante coexistiram sempre
formas instrumentais de música com adaptação de peças entre os géneros.
É um canto coral,
em que alternam um ponto a sós e um coro, havendo um alto
preenchendo as pausas
e rematando as estrofes.
O canto começa invariavelmente com um ponto dando a deixa, cedendo o
lugar ao alto e logo intervindo o coro em que participam também o ponto
e o alto. Terminadas as estrofes, pode o ponto recomeçar com um
nova deixa, seguindo-se o mesmo conjunto de estrofes. Este ciclo repete-se o
número de vezes que os participantes desejarem. Esta característica repetitiva,
assim como o andamento
lento e a abundância de pausas contribuem para a natureza monótona
do cante.
No cante
sobrevivem os modos gregos extintos tanto na música erudita
como na popular europeia, as quais restringem-se aos
modos maior
e menor.
Esta face helénica
do canto poderá provir tanto do canto
gregoriano como da cultura árabe,
se bem que certos musicólogos se apercebam no cante de aspectos bem mais
primitivos, pré-cristãos e possivelmente mesmo pré-romanos.
Antigamente o
cante acompanhava ambos os sexos nos trabalhos da lavoura.
Público era também o cante nos momentos masculinos de ócio e libação,
seja em quietude, seja em percurso nas ditas arruadas. Público ainda era
o cante mais solene das ocasiões religiosas. Outro cante existia no domínio doméstico,
onde era exercido principalmente por mulheres
e no qual participariam também meninos.
Após a Segunda Guerra Mundial, a progressiva mecanização
da lavoura, a generalização da rádio
e da televisão,
assim como o êxodo rural massivo causaram o declínio do
género. Hoje o cante sobrevive em grupos
oficializados que o cultivam, mas já sem a espontaneidade de outrora,
limitando-se eles a recapitular em ensaio o repertório conhecido de memória,
amiúde sem qualquer registo escrito nem sonoro e já sem acção criativa.
Apesar de serem
estes grupos e a sua manifestação em festas, encontros e
concursos os guardiães da tradição,
em numerosos casos progride neles o afastamento da dita com a inclusão no
repertório de peças estranhas ao cante, instrumentação e adulteração de peças
tradicionais num sentido mais popular,
com destaque para o desvio direito ao fado, numa tendência de
avivamento do género que visa torná-lo mais garrido.
Fonte: Wikipedia
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